Há 49 anos, Beto Rockfeller mudava o jeito de se fazer novela no Brasil
Em 1968, o mundo passava por imensas transformações políticas-sociais. Entre as principais, o assassinato do pastor Martin Luther King, Protestos Estudantis em Paris, morte de Assis Chateaubriand e vigência do férreo sistema ditador no Brasil. Entretanto, longe dos fatos jornalísticos, o ano que marcava o fim da década de 60 também foi revolucionário para a dramaturgia do nosso país.
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Entre 04 de novembro daquele ano até 30 de novembro de 1969, a TV Tupi exibiu um clássico que mudaria o rumo da produção das telenovelas no Brasil. Considerada uma das maiores obras já escritas, Beto Rockfeller foi escrita pelo inspirado autor, cineasta e teatrólogo paulistano Bráulio Pedroso.
Exibida no horário das oito, o folhetim Beto Rockfeller mostrava a história de Alberto, mais conhecido por seu apelido Beto. Ele era um charmoso representante da classe média-baixa brasileira que morava com os pais e a irmã num bairro pobre de São Paulo e, durante o tempo livre, trabalhava como vendedor em uma loja de sapatos localizada na Rua Teodoro Sampaio.
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Porém, a identidade de Alberto, eventualmente se transformava num sofisticado “festeiro” que, antes representante da classe média-baixa, passara a circula nas festas grã-finas da juventude paulistana dos anos 60, que tinham como local de realização a famosa Rua Augusta.
Apesar de uma aparência agradável, este protagonista passava longe de ser os galãs convencionais que estamos acostumados a assistir na TV. Interpretado por Luiz Gustavo, o personagem era esperto e repleto de gingas, abusando muitas vezes de seu charme para enganar as garotas, passando por um milionário e, assim, conseguir manter vários relacionamentos ao mesmo tempo.
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A partir deste enredo, que contava com um elenco primoroso, citado na sequência, que nasceu o atual modelo de telenovela brasileira. Com direção de Lima Duarte, Rockfeller tinha em seu casting grandes personalidades femininas como Maria Della Costa, Irene Ravache, Ana Rosa, Marília Pera, Zeze Motta, Eleonor Bruno, Walderez de Barros, Bete Mendes, Marilda Pedroso, Esther Mellinger, Pepita Rodrigues. Entre os homens, destacava-se nomes como Walter Forster, Rodrigo Santiago, Jofre Soares , Gésio Amadeu, Ruy Rezende, Wladimir Nikolaief, Alceu Nunes, Heleno Prestes e Renato Corte Real.
Simples, a trama foi responsável por dividir a teledramaturgia brasileira em duas fases: antes e depois de Beto Rockfeller. Por causa da crise que assolava a sociedade brasileira e, sobretudo, a TV Tupi, foi necessária a criação de uma novela de baixo custo. A partir disso, O autor Bráulio Pedroso, que faleceu em 1990, recorreu ao cotidiano cenário urbano brasileiro, sem muito luxo e produções como as tramas medievais.
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O rebuliço que Beto causou e a revolução histórica estava em todas as partes do folhetim: desde o texto livre e coloquial, com excesso de expressões do cotidiano e gírias, além da trilha sonora, que passava por músicas pop da época, até o personagem principal. Malandro, Rockfeller podia ser comparado sem exageros a grandes protagonistas romancistas, que viveram um papel de anti-herói na literatura nacional. A exemplo, posso citar Macunaíma, de Mário de Andrade, marcado em nossa história como um “herói sem nenhum caráter”.
Sucesso de crítica, público e vencedor das mais diversas premiações da época, Beto Rockfeller completara nesta quinta-feira, 30 de novembro, 49 anos que chegou ao fim. Revolucionária na dramaturgia, ela será sempre lembrada por conta de sua renovação na linguagem e na temática da novela brasileira, fazendo a data de hoje ser lembrada com muita reminiscência para todos aqueles que prestigiaram a mudança histórica no jeito de fazer TV no Brasil.
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