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Análise: Segundo Sol sai de cena com tentativa de inovar no tradicional

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Segundo Sol chegou ao fim na última sexta. (Foto: Reprodução)


A novela Segundo Sol chegou ao fim na última sexta, 09, e saiu de cena deixando uma tentativa válida. O autor João Emanuel Carneiro procurou realizar uma série de inovações artísticas, no ponto de vista do roteiro, resgatando um estilo tradicional de folhetim e melodrama que nem sempre vinham sendo utilizados no Brasil.
Fã inconteste de Janete Clair, JEC já utilizou em outras de suas obras o estilo daquela que é considerada a mais importante novelista do Brasil. Em Segundo Sol, porém, ele nunca foi tão Janete Clair. Sem medo de fugir do padrão do naturalismo que anda se impondo sobre a TV brasileira, o roteirista ousou ao tomar decisões que contrariavam a visão maniqueísta a que nos acostumamos.
O melodrama foi marcante e com tintas carregadas na primeira fase. Os elementos de estilística que reinou no Brasil nos anos 70 pelas mãos não apenas de Clair, mas também de Ivani Ribeiro e que, ainda hoje, é elemento utilizado ao bel prazer dos autores mexicanos, deram o tom dos primeiros capítulos.
A mocinha sofredora e pobre, com direito a casa de tapera à beira mar lembrou obras inesquecíveis como Mulheres de Areia no Brasil e Marimar, no México. Toda a ingenuidade da protagonista, vivida com brilhantismo na primeira fase por Giovanna Antonelli, é basicamente tudo que foi visto por anos a fio na dramaturgia brasileira.
João Emanuel Carneiro visitou as telenovelas brasileiras durante toda a exibição de Segundo Sol. A passividade da mocinha foi um dos grandes trunfos do autor ao reviver o folhetim. Desde Shakespeare se sabe que, em folhetim clássico, a mocinha é elemento passivo de uma obra.
Embora parte da audiência possa ter estranhado a decisão artística do autor, foi proposital e não uma decisão aleatória como muleta para o roteiro. Luzia era passiva porque num folhetim clássico a mocinha nunca age, ela apenas reage aos movimentos da antagonista. E foi exatamente o que ocorreu em Segundo Sol. Luzia era apenas fruto das decisões de Karola (Débora Secco) e Laureta (Adriana Esteves).
A saga da mãe que busca pelo perdão e pelo amor dos filhos é outro elemento que JEC pegou emprestado das principais obras brasileiras da telenovela nos anos 70/80. O período que consagrou a atriz Regina Duarte como namoradinha do Brasil apresentou uma gama de obras em que o objetivo da mocinha jamais foi se vingar da vilã, mas apenas viver o amor com sua família.
Adriana Esteves. (Foto: Reprodução/Globo)

Adriana Esteves. (Foto: Reprodução/Globo)


Inovações
Mas engana-se quem pensa que João Emanuel Carneiro buscou apenas resgatar o tradicional estilo de dramaturgia com Segundo Sol. O autor conseguiu misturar elementos de folhetim clássico com melodrama e impor fortes pitadas da estilística utilizada no universo das séries.
A dubiedade de boa parte das personagens coadjuvantes foi a própria interpretação do autor para o atual momento da dramaturgia mundial.
Rosa, a personagem que mais fugiu do maniqueísmo típico das telenovelas, pode-se dizer que era uma espécie de anti-heroína da TV americana. A personagem, embora feminista e sempre disposta a defender os injustiçados, tinha uma régua própria de moralidade e tomava decisões que a beneficiavam prioritariamente. Lembra um pouco personagens do universo das séries, não? Olívia Pope (Scandal), Carrie (Homeland), Analise Keating (How to get Away with Murder), todas são exatamente como Rosa dentro de seu próprio universo.
E o que dizer de Roberval? O homem disposto a tudo por vingança e que, ao mesmo tempo, decidiu ajudar a mocinha no momento em que ela mais precisou. O homem que utiliza a vingança como forma de fazer justiça e que não mede as consequências para isso. É basicamente uma Emily Thorne, de Revenge.
JEC não pegou emprestado apenas o perfil de personagens, porém, a forma de se delinear as decisões de sua reta final. Como em séries, o autor julgou ser desnecessário ter que responder todas as perguntas levantadas ao longo da telenovela. Deixou muitas pontas soltas, outras tantas na subliminaridade e tratou de permitir que o telespectador conduzisse sua própria conclusão.
Foi assim com o desfecho da história de Rosa (Letícia Colin) com Ícaro (Chay Suede). Embora possa ter causado estranheza, este é um recurso utilizado muito no universo das séries. Ao ser questionado sobre a razão de não ter oferecido todas as respostas, o criador de Lost, J J Abrams lançou mão de uma frase que se tornou icônica na TV mundial: “a função das séries é levantar perguntas, não apresentar respostas”. Embora controversa, a forma de utilizar essa máxima permite com que o telespectador tire suas próprias conclusões.
Giovanna Antonelli nos bastidores de Segundo Sol. (Foto: Reprodução)

Giovanna Antonelli nos bastidores de Segundo Sol. (Foto: Reprodução)


Equívocos
Mesmo lançando mão de um modelo híbrido que misturou folhetim clássico com melodrama rasgado e estilo seriado, João Emanuel Carneiro não conseguiu fugir dos equívocos a que todo grande autor está tentado.
Principalmente a partir do capítulo 100 em que ele lançou mão de outro clichê da dramaturgia, a falsa morte. A morte de Remmy (Vladmir Brichta), embora tivesse por função básica recolocar a mocinha como vítima de uma falsa acusação, recurso também muito utilizado no folhetim, não funcionou como o autor gostaria.
Isso porque, há tempos a falsa morte deixou de ser um clichê válido e tornou-se uma espécie de muleta de praticamente todo e qualquer autor brasileiro. Dentro do contexto, tanto a falsa morte quanto o retorno do personagem não funcionou e se tornou desnecessária e cansativa.
A reta final, principalmente a última semana, também mostrou-se um problema. Quando o autor propôs uma trama orgânica, ou seja, com todas as amarrações tradicionais de um folhetim, inclusive com grau de parentesco inimagináveis entre personagens, ele tornou isso um elemento funcional de sua obra.
Na última semana, porém, o roteiro abriu mão do tom orgânico e lançou-se por cenas soltas e que não eram homogêneas. A escolha artística em transformar Laureta em mãe de Karola não funcionou porque a trama jamais deu importância para um mistério na relação das duas e muito menos deu a entender que haveria alguma espécie de dívida moral entre a mãe e Severo (Odilon Wagner).
Aliás, outro problema visto em Segundo Sol foi a quantidade de personagens complexos e com histórias com potencial. Isso parece contraproducente, mas não é. Numa novela é impossível aprofundar muitos temas e, quando se constrói personagens densos por todos os núcleos, eles acabam não sendo aproveitados em sua máxima potencialidade.
Foi assim com diversas tramas de Segundo Sol que poderiam ter ido além. A própria história de Luzia tinha um potencial imenso se tivesse sido visto pelo prisma da mocinha e não do protagonista. Beto Falcão (Emílio Dantas) foi outro que sofreu. A história do cantor que se finge de morto para voltar à fama era irresistível, porém, não foi explorada em sua potencialidade, uma vez que o personagem pensava exclusivamente no amor que sentia por Luzia.
A própria Laureta jamais teve a importância que ganhou na reta final. Tida como escada para as vilanias de Karola, a personagem era tão densa quanto a outra e, se o autor tivesse explorado a relação matriarcal entre ambas durante todo o folhetim, poderia ter rendido muito mais.
Luzia, Remy, Beto Falcão e Karola esstão envolvidos nos próximos capítulos de Segundo Sol. (Foto: Reprodução)

Luzia, Remy, Beto Falcão e Karola esstão envolvidos nos próximos capítulos de Segundo Sol. (Foto: Reprodução)


Final
A controversa cena final de Segundo Sol foi uma ousadia de João Emanuel Carneiro que propôs uma ampla discussão sobre a obra. Com uma história solar, JEC tentou resgatar um estilo que vem se perdendo no Brasil, que é a visão otimista e brincalhona do brasileiro.
É por certo que, assim como fez Aguinaldo Silva em Fina Estampa, a cena final deveria surgir após os créditos a fim de evitar confusão por parte do público. A decisão de colocá-las antes do final claro confundiu o público e mostrou-se um erro de direção.
Destaques
Direção, aliás, foi um dos destaques da trama. Dênis Carvalho deu nova vida para o estilo forte e carregado de texto do autor que sempre trabalhou com Amora Mautner ou Ricardo Waddington no horário das 21 horas. Um diretor solar que soube dosar o tom e encontrar uma forma de colorir uma novela com história forte.
O elenco também não deixou a bola cair em praticamente toda a novela. Giovanna Antonelli, principalmente na primeira metade da novela, quando tomou a novela para si, Emílio Dantas, Letícia Colin, Chay Suede, Débora Secco, Fabrício Boliveira, Vladmir Brichta e Adriana Esteves brilharam, como era de se esperar.

Saldo
Segundo Sol terminou com um saldo positivo. Atraindo boa audiência para a emissora, a novela garantiu repercussão durante toda sua exibição e costurou um modelo híbrido de telenovelas que, do ponto de vista linguístico, foi um avanço em relação a obras anteriores.
Mesmo com equívocos, a decisão do autor em revisitar o folhetim clássico e o melodrama rasgado se mostrou acertada, assim como suas imersões pelo universo das séries.
Leia também
O dia em que João Emanuel Carneiro quase deixou o país no escuro
 

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Band dá castigo em apresentador que falou mal de Catia Fonseca e José Luiz Datena

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O apresentador se deu mal após desabafo sobre apresentadores da Band (Créditos: Reprodução)

O apresentador se deu mal após desabafo sobre apresentadores da Band (Créditos: Reprodução)

Marcos Maracanã é apresentador da versão mineira do Brasil Urgente e ficou irritado com o espichamento na conversa Catia Fonseca e José Luiz Datena, que batem papo entre o encerramento do Melhor da Tarde e o início da versão paulista/nacional do programa policial.

+ SBT pega todo mundo de surpresa, tira programa do ar e coloca estrela na geladeira

De acordo com informações do site TV Pop, Marcos reclamou por ter recebido com quatro minutos de atraso. Os executivos do canal dos Saad não gostaram e trataram a situação como “desrespeitosa e deselegante”. A situação ficou ainda mais chata porque as afiliadas não possuem a obrigação de transmitir a conversa entre os dois apresentadores de rede, cortando o sinal às 16h.

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Ou seja, a decisão de seguir no ar com o bate-papo foi da Band Minas, mesmo o horário sendo local. Desse modo, Marcos chegou para trabalhar na quarta-feira (15) e horas depois foi avisado de que seria substituído até segunda ordem. Héverton Guimarães foi o nome escolhido para substituí-lo.

Catia Fonseca e Datena foram detonados por colega ao vivo (Créditos: Reprodução/Band)

Catia Fonseca e Datena foram detonados por colega ao vivo (Créditos: Reprodução/Band)

Cobrindo a ausência, Guimarães limitou-se a dizer que Maracanã retornará o posto nesta quinta-feira (16), mas a situação ainda segue em avaliação pela Band Minas, que pretende seguir com o castigo da suspensão. Ele pode até não voltar mais para o policialesco do canal.

Por fim, saiba o que o apresentador da Band disse:

“Depois desse Papo de Janela aí, que o povo não suporta. Eu estou sendo sincero… O povo não suporta! A gente está aqui aguardando… aguardando! Para jogar uma imagem ao vivo! Exclusiva! Imagem ao vivo agora! Estão tirando a van que capotou e deixou 16 vítimas!”, disse o apresentador de Minas Gerais.

Assista:

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SBT pega todo mundo de surpresa, tira programa do ar e coloca estrela na geladeira

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Christina Rocha comandava o programa Casos de Família no SBT (Créditos: Reprodução)

Christina Rocha comandava o programa Casos de Família no SBT (Créditos: Reprodução)

O SBT voltou a se movimentar de forma firme e a partir de março um clássico programa sairá do ar. A atração já estava na mira do canal paulista desde o ano passado, mas a situação passou a ficar mais crítica e não teve jeito: deixará a grade de programação por tempo indeterminado e a apresentadora vai para a geladeira.

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De acordo com informações do site TV Pop, o Casos de Família terá seu último programa exibido no dia 17 de março, daqui um mês. Christina Rocha foi informada sobre a decisão da emissora de Silvio Santos na última quarta-feira (15), assim como os outros integrantes da atração vespertina.

Então, a apresentadora do SBT ficará um tempo fora do ar (Créditos: Reprodução)

Então, a apresentadora do SBT ficará um tempo fora do ar (Créditos: Reprodução)

Há quase 20 anos no ar, o Casos de Família cederá lugar para o Fofocalizando, que ficará no ar de 15h20 às 17h20. Aliás, avaliou-se em realocar Christina na atração comandada por Chris Flores, mas ficou entendido que o vespertino não deve ser mexido já que vive um bom momento comercialmente e na audiência.

Mais sobre o fim do programa no SBT:

De fato, o SBT trabalha com uma possível volta do Casos de Família em um futuro, mas não cravam nenhuma data em específico. Internamente, a situação é tratada como “período de descanso”. Porém, a apresentadora titular ainda não tem nenhuma nova função designada.

Além dos baixos índices de audiência conquistados diariamente, o Casos de Família passou a dar prejuízo para a emissora com uma certa rejeição do mercado publicitário, fator decisivo para que a direção do canal optasse por dar um descanso para a atração queridinha de Silvio Santos.

Em resumo, ela segue como contratada do SBT (Créditos: Divulgação)

Em resumo, ela segue como contratada do SBT (Créditos: Divulgação)

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SBT surpreende e toma decisão sobre futuro de apresentador

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Otávio Mesquita vai seguir como contratado do SBT (Foto: Reprodução)

Otávio Mesquita vai seguir como contratado do SBT (Foto: Reprodução)

Diferentes de outros nomes que não tiveram o vínculo renovado e recentemente deixaram o SBT, um dos nomes mais famosos do canal teve o contrato esticado e seguirá na programação da emissora por mais algum tempo. Ele ocupa as madrugadas do canal paulista.

+ RedeTV deixa funcionários apavorados e possível venda da emissora explode: “Muito mais tenso”

De acordo com informações do jornalista Flávio Ricco, colunista do R7, Otávio Mesquita teve o contrato renovado por mais dois anos e seguirá nas madrugadas do canal. O programa Operação Mesquita é uma das atrações que ocupa a vice-liderança na faixa em que é exibido e por vezes belisca o primeiro lugar.

+ Saiba quem foi a mais mal vestida do Baile da Vogue 2023; atriz da Globo recebe só elogios

Então, o Operação Mesquita em breve apresentará uma nova abertura para comemorar mais uma temporada da atração no canal de Silvio Santos. Em 2024 o apresentador completa 10 anos de SBT, onde também já apresentou o extinto programa Okay Pessoal. Por fim, ele já passou também pela Record, RedeTV, Band e extinta TV Manchete.

Enquanto SBT surpreende com renovação, Travessia faz rebaixamento de grandes atores:

Desse modo, os responsáveis precisaram reverter a situação para chamar a atenção dos telespectadores e focou em personagens centrais, deixando boa parte do grande elenco como participações especiais. Tem gente que nem aparece em todos os capítulos.

Thiago Fragoso, Nando Cunha, Dandara Mariana e Marcos Caruso são alguns dos nomes que mereciam mais destaque, mas até agora nada.

Assim sendo, os atores Lucy Alves, Chay Suede, Jade Picon, Humberto Martins, Cássia Kis e Rômulo Estrela passaram a aparecer todos os dias nas últimas semanas com muito mais destaque com seus personagens na trama. Apesar de não agradar a maioria, Travessia ficará no ar até maio.

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