Séries
Por que Titans é um grande acerto da DC
Pegando carona na onda dos serviços de streaming, a DC Comics resolveu lançar o seu próprio serviço, o DC Universe, que será a casa de diversas séries já anunciadas. Como carro chefe e pontapé inicial, há 6 semanas, a emissora de quadrinhos lançou a tão discutida – antes de sua estreia – versão live-action de “Titans”, série que traz para os dias de hoje e personagens de carne e osso a história dos clássicos jovens titãs, heróis famosos nos quadrinhos e em sua série animada, Jovens Titãs.
Quando as primeiras fotos da produção foram divulgadas, um ar de desconfiança se abateu sobre a maior parte do público fã de produções desse tipo, ao ver a caracterização de personagens clássicos como Mutano (Gar Logan) e Estelar (Anna Diop) soarem muito mais uma paródia do que uma adaptação de verdade. Agora, com 6 episódios já exibidos (de 12 em sua primeira temporada – com a segunda já garantida), é possível fazer uma análise mais sólida e dizer, com todas as letras, que “Titans” é um ótimo primeiro passo e talvez o melhor início da série baseada em quadrinhos da DC Comics.
Transposição bem sucedida
O estúdio conseguiu, com maestria, transpor para a telinha – e para carne e osso – personagens famosos como Dick Grayson e um dos grandes responsáveis por isso é o design de produção da série, que escolheu contar a história do eterno Robin e de Ravena em um tom mais pé no chão, sombrio, soturno, ao invés do clima solar e divertido que muitas vezes rodeou os jovens titãs. Titans tem suas cenas externas quase todas à noite, e mesmo nos momentos de luz, o clima de escuridão está ali, mesmo que em menor intensidade.
Tal ambientação ajuda a passar um clima de seriedade que o streaming precisava para sua primeira produção, por mostrar que a DC não está fazendo séries apenas por fazer – existe um interesse em contar boas histórias e usar seus heróis já conhecidos para criar coisas novas. Isso, claro, não seria possível sem um roteiro sólido, que tem plena consciência dos personagens que tem em mãos, sabe usá-los bem e parece ter um caminho muito bem definido. “Titans” sabe pra onde ela quer ir, sabe como quer chegar lá e sabe construir a jornada até então.
É um conjunto bem amarrado de referências a personagens dos quadrinhos e de avanço da história que deveria servir como exemplo as demais séries do gênero – a começar pelo número de episódios por temporada. Escolher distribuir sua trama em 12 episódios é uma ótima sacada, pois existe tempo para desenvolver uma trama, ao mesmo tempo, sem pressa e sem precisar enrolar. Não existe semana inútil, não existe capítulo desperdiçado: Tudo é parte de algo.
Personagens fortes
Mas nada disso seria possível sem um bom trabalho com seus personagens e “Titans” acerta nisso em todos os aspectos. Focar em um amargurado Dick Grayson (muito bem defendido por Brenton Thwaites) tentando deixar para trás seus tempos de Robin e viver uma vida comum até cruzar seu destino com o de Rachel/Ravena (que Teagan Croft também defende muito bem) foi uma ótima escolha, porque são personagens com passado, que tem o que contar e que sustentam muito bem uma trama principal.
Ainda faltam 6 episódios para o fim da primeira temporada, mas a julgar pelo nível de ascendência apresentado nesta primeira metade, é possível dizer que Titans é o melhor primeiro passo que a DC Comics poderia dar em seu serviço de streaming – e um começo para o qual as futuras séries de herói deveriam olhar (e se inspirar).
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