Novelas
Mês do orgulho LGBTQIA+: Há 16 anos, Globo censurava beijo gay em América; relembre
Ontem, no dia 28 de junho, foi comemorado mundialmente o dia do Orgulho LGBTQIA+. A data existe para que pessoas geralmente discriminadas possam ganhar voz e espaço. Assim, novelas e produções de dramaturgia tem cada vez mais inserido estes personagens em suas produções. Os autores tem se preocupado em construir tramas que englobem a temática.
Além disso, as novelas se preocupam em tratar o tema de forma respeitosa. Contudo, apenas de alguns anos pra cá esse tipo de história ganhou mais foco em telenovelas.
Antes dessa “explosão”, as produções tratavam os temas de forma pejorativa ou mesmo com censura. América, grande sucesso de Glória Perez exibida em 2005, é o caso mais famoso quanto a esse tema.
Na novela, Bruno Gagliasso interpretava Júnior, um dos papéis de destaque da história. O rapaz sofria com um dilema interno: era gay e não sabia como contar isso para sua mãe, Neuta. A personagem de Eliane Giardini, por sua vez, fazia parte do estereótipo da mãe super-protetora e que projetou no filho a imagem e semelhança do pai.
Trajetória de Júnior e beijo censurado
Na história, Júnior chegou até mesmo a se casar com Ellis (Sílvia Buarque), afilhada de sua mãe. Assim, assumiu o filho que a peoa carregava e, ao mesmo tempo, se “salvou” das pressões que Neuta lhe impunha.
Contudo, na reta final de América, Júnior conheceu Zeca (Erom Cordeiro), funcionário da fazenda de sua mãe. Os dois se apaixonaram com a convivência do dia a dia e Júnior ainda tentou fugir, mas não conseguiu resistir. O sentimento por Zeca tomou conta da reta final da trama e Júnior encontrou nele a força para enfrentar sua mãe.
O jovem contou a verdade a ela, especialmente a parte na qual não queria seguir a carreira rural e sonhava em ser estilista. Neuta reluta bastante, mas no fim aceita o filho e seu namoro com Zeca.
No último capítulo de América, uma polêmica tomou conta da trama: o prometido beijo gay entre o casal, que seria o primeiro da história da telenovela brasileira, não aconteceu. Tanto a autora Glória Perez quanto os atores Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro se manifestaram em seguida, afirmando que o beijo foi gravado e tirado da edição no final.
Em entrevista recente ao Lady Night, de Tatá Werneck, Gagliasso comentou a situação: “Foi climão. Toda a novela estava na expectativa, foram colocados telões nas ruas… Foi difícil.”
Glória Perez, autora de América, comentou corte
À época, a autora Glória Perez atribuiu a censura do beijo gay a alta cúpula da Globo.
“Eu não cortei a cena do beijo. Eu fiz a cena, ela foi realizada e a casa cortou, considerou que não devia ir ao ar. (..) Tivemos duas reuniões com a cúpula e defendemos a cena até o final. Não sou maluca, divulguei que o beijo ia sair. O beijo tinha aceitação, não vou carregar isso, é injusto”, contou em entrevista à Folha de SP em 2005.
Em conclusão, à época, a Globo negou o corte.
Comente com seu Facebook